Tuesday, December 21, 2004

Res Publica II

Um ano e meio depois, caiu o governo e o seu cunhado foi eleito em sua vez. Ocupou o lugar por sete meses até que caiu o governo outra vez e nova substituição e reempossamento. Durante onze longos anos, os dois cunhados forma depostos e reeleitos sete vezes cada, enquanto estavam fora de funções faziam as vezes da oposição.

No dia 11 de Julho de 19##, onze anos depois de o senhor Aferidor ter sido eleito pela primeira vez, e com dois filhos na sua alçada, um dos quais o pai do Gerador, jantava ele com a família, o seu rival político inclusive, quando lhe deu um aperto nas coronárias e declarou solenemente “vou aferir balanças para o céu” ao que o cunhado lhe respondeu “É melhor ir contigo para ver se não aldrabas nada.”, e caíram os dois para o lado, mortos.

Comentou-se na vila que competiam tanto que até ficava mal morrer um primeiro que o outro. É claro que foi a falta de competição que fez o outro morrer.

Veio o carro de vacas, com as rodas a chiar por falta de sebo e carregou os dois caixões para o cemitério. Bonita cerimónia foi aquela, com toda a gente de Terceleiros a acompanhar a carroça e a borrar os sapatos de verniz na bosta fresca que as vacas descarregavam sem cerimónia.

No cemitério colocou-se uma bandeira da monarquia e outra da república em cada um dos caixões, e como ninguém tinha a certeza de quem estava em qual, ironicamente, enganaram-se.

Anos mais tarde, por uma razão desconhecida, os corpos forma exumados para se descobrir que estavam virados de barriga para baixo das voltas que deram, certamente devido à odiada bandeira rival.



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