Wednesday, August 03, 2005



Um impulso eléctrico fazia o trabalho que devia fazer. Não estava preso a nada a não ser a sua função. Sabia muito bem o que devia fazer e nada o distraía.

Embora tivesse um passado de sinapses bem longo, tanto em qualidade cronológica como em quantidade, perdera havia pouco tempo a procura do impulso gémeo.

Um impulso para ser feliz não necessita de nada. A felicidade de um impulso é relativa. No entanto, enquanto urdidor desta rede sináptica, dou-me a liberdade de ver esta energia de uma forma diferente, a ideal

O impulso carrega informação pelo corpo sempre carregado de energia potencial, e no fundo, é isto que provoca a ruptura.

Uma das redes por onde se move sofre uma disfunção e o Impulso dá de caras com outro Impulso. Há um reconhecimento imediato da energia que carregam e carregados com a energia um do outro partem em direcções opostas. Muitas mais vezes o Impulso A passa pelo mesmo fluxo de transferência com a informação inculcada nos seus protões, electrões e neutrões, o padrão do Impulso B.

O profissionalismo de Um destrói, a ligação a outro impulso inibe o Outro, mas ambos anseiam o reencontro.

Uma fracção energética é suficiente para o reencontro, e dá-se no coração…



O reflexo




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Mas não, os únicos gatos que conhecia eram os que via no reflexo dos espelhos que enchiam a casa, que no fundo não eram gatos, mas o seu próprio reflexo.

Nãos sabia o que era um espelho, sabia que era um gato.

Um dia, pela janela, da ilusão ou da realidade, entrou um gato em carne e osso, mas o gato não o sabia porque nunca tinha visto nenhum, a não ser nos espelhos.

Assustou-se quando sentiu o calor do gato. O cheiro fez com que os seus pêlos finos de átomo, cinzentos, se eriçassem, e um sentimento de atracção/repulsão tomasse conta de si. Dançou o que a genética lhe ensinara e passado pouco tempo estava agarrada pelas patas do gato abandonando-se àquele Amor de gato, pulsante e peludo.

Acordou e o gato tinha ido embora como surgira, pela janela da desilusão. Procurou-o nos espelhos e miou a infelicidade para quem quis ouvir, para ela. Passou dias sem comer até que sentiu algo a viver dentro de si. Deu-lhe um alento especial. Não sabia o que se estava a passar - os gatos não sabem, só sentem – mas sabia que tinha que viver.

Passaram-se uns meses e inchava como se fosse explodir, até que numa noite de dores de corpo e de alma (de gato), saíram do seu interior três imagens de espelho, pequeninas e com os olhos vedados aos reflexos.

Imediatamente intuiu o que acontecera. Ela gerara aquilo. Olhara-se ao espelho, desejara-se e aí estava a recompensa.

Mais três imagens do espelho iam deambular pelo seu mundo de gato e fazer o mesmo que lhe haviam feito, tirar-lhe a vontade de viver e devolvê-la passados uns tempos num ódio feito alegria.

Dentro do espelho morreu, fora ficou à espera do próximo.


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