Friday, December 10, 2004

Scriptorium V

Estivera tempo demais à espera daquele momento, mas calibrava as emoções para não correr o risco de parecer precipitado.

“Tudo isto te pode parecer demasiado estranho, mas acredita que no momento em que te vi a sorrir para mim naquele pálido reflexo do que eu sou, toda uma série de recordações de como seria ou como será me assolou como uma avalanche de sentimentos descontínuos mas acima de tudo coerentes.

Deve ser confuso para ti que um homem a quem ministras casualmente um curativo, se apresente à tua frente como o maior dos apaixonados sem nunca sequer lhe teres posto a vista em cima.

Há muitos anos atrás conheci uma rapariga que se tornou no primeiro amor platónico da minha vida, tinha eu então uma idade muito tenra para perceber os meandros da produção do Amor.
Assim como entrou na minha vida saiu, devagar e com calma mas ao mesmo tempo de chofre. Perguntei-me várias vezes o que seria feito dela e não consegui ter resposta, e concerteza que também não fiz o esforço que deveria e que faria hoje em dia para atingir um objectivo, enfim… maturidade.

Quando menos se procura mais se encontra, e foi o que aconteceu, ainda bem. Num momento em que eu já não tinha na ideia encontrar-te aqui estás tu.”

“Eu?” Seguira a história com um brilho crescente nos olhos e percebera que a história que lhe estava a ser declamada por aquele gigante moreno, tinha algo a ver com ela. As suas histórias já se haviam cruzado numa das encruzilhadas do Destino.

“Minha doce Pancromícia… se soubesses quantas vezes sonhei contigo e qual teria sido o teu percurso… Sonhei milhares de vezes com o teu sorriso, com a tua cara e as palavras a brotarem dos teus lábios em torrentes contínuas de sentimentos que me atingiam no eixo central do meu coração. Sonhei, escrevi, descrevi idealizei-te e aqui estás tu, sem dúvida muito melhor que o produto da minha imaginação, porque és de carne e osso e não um sonho que quando acaba nunca é retomado como querias porque não tens controle sobre o teu inconsciente!”

“Nunca pensei que podia despertar paixões deste tipo… Nunca ninguém me tinha dito o que disseste de uma forma tão apaixonada como tu.

De qualquer das formas também eu perdi o contacto contigo Ornicteplático, gostava de voltar a conhecer-te com o risco implícito que corremos, que é conhecer-te como um homem e não como os miúdos que éramos. A alegria do reencontro pode envenenar-nos mas vamos com calma. Do futuro ainda ninguém mandou cartas por isso vamos ser pacientes.”

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