Tuesday, December 21, 2004

Êxodo

O pai do Gerador chegou a Terceleiros, vindo de uma aldeia dos bastidores das serras, que se viam do lado Norte a muitos quilómetros de distância. Era aferidor de pesos e medidas, uma espécie de caixeiro-viajante circunscrito a uma área mais reduzida.

Trabalhava quatro meses por ano. Entre Maio e Junho fazia a aferição ou afilamento dos pesos e das medidas e em Novembro e Dezembro conferia os mesmos. Em poucas palavras era um detector de aldrabices. Nunca se sabia quem é que iria fazer batota com as balanças ou com as medidas para os cereais.

Foi destacado para a vila devido a rumores de corrupção passiva. Amigos bem colocados, para lhe limpar o nome, deslocaram-no para Terceleiros que era desconhecida dele e também, felizmente dos seus inimigos.

Dois anos depois da chegada, casou com uma bonita rapariga, com a promessa de uma extensa prole. Nesta altura como o seu tempo livre era muito e a família em projecto necessitaria de fundos extra, que não subornos, concorreu à junta de freguesia.

Na altura batia-lhe no coração o mais exaltado sentimento em relação à tão amada causa monárquica. O Rei era o seu pai e a Rainha o seu amor platónico de todos os dias. Nutria assim uma relação amor/ódio com as cabeças de estado.

Concorreu pela primeira vez contra o seu cunhado, republicano de gema e clara. Ganhou porque era monárquico.

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