Friday, June 23, 2006

IP'S

And it was always strange, the uncontained and insufficient relationship, which, now and then blinked on the oddest moments. It was always on her heart, the lovehate mix that constrained the labour/love prohibition.

Delightful days, however painful and bitter, on her mouthful of trash. She looked at him and saw him naked of feelings and clothing.

Joana-Tall worked on finance. She knew Miguel-Tanned, in a numeric shape, a mix of Arabic numbers that defined his life; only one in the large prints of independent workers.

He was part of the Free Thinkers; he had to think without intellectual locks. He could be a Theme Thinker (restrained to one line of thought), a Micro Thinker (improvers of TT thoughts), or Random Thinkers aka Brainstormers (different approaches everyday for maximum improvement).

Psycho-technicians placed him as a FT for a number of reasons, but especially due to the huge amount or iridium in his blood.

Iridium concentration defines the level of insight, physical or mental, and Miguel-Tanned had it a lot and it shouldn’t be confined in a contention cage.

A high concentration of iridium in your blood defines your ability for sports, in your brain for intellectual jobs.

Joana-Tall had iridium in her wallet, none in her body, only accessorized, and she hadn’t any interest in Positive-Iridiones like Miguel-Tanned – her education caused it.

A finance anomaly, on Miguel-Tanned’s invoice, changed that.


Wednesday, August 03, 2005



Um impulso eléctrico fazia o trabalho que devia fazer. Não estava preso a nada a não ser a sua função. Sabia muito bem o que devia fazer e nada o distraía.

Embora tivesse um passado de sinapses bem longo, tanto em qualidade cronológica como em quantidade, perdera havia pouco tempo a procura do impulso gémeo.

Um impulso para ser feliz não necessita de nada. A felicidade de um impulso é relativa. No entanto, enquanto urdidor desta rede sináptica, dou-me a liberdade de ver esta energia de uma forma diferente, a ideal

O impulso carrega informação pelo corpo sempre carregado de energia potencial, e no fundo, é isto que provoca a ruptura.

Uma das redes por onde se move sofre uma disfunção e o Impulso dá de caras com outro Impulso. Há um reconhecimento imediato da energia que carregam e carregados com a energia um do outro partem em direcções opostas. Muitas mais vezes o Impulso A passa pelo mesmo fluxo de transferência com a informação inculcada nos seus protões, electrões e neutrões, o padrão do Impulso B.

O profissionalismo de Um destrói, a ligação a outro impulso inibe o Outro, mas ambos anseiam o reencontro.

Uma fracção energética é suficiente para o reencontro, e dá-se no coração…



O reflexo




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Mas não, os únicos gatos que conhecia eram os que via no reflexo dos espelhos que enchiam a casa, que no fundo não eram gatos, mas o seu próprio reflexo.

Nãos sabia o que era um espelho, sabia que era um gato.

Um dia, pela janela, da ilusão ou da realidade, entrou um gato em carne e osso, mas o gato não o sabia porque nunca tinha visto nenhum, a não ser nos espelhos.

Assustou-se quando sentiu o calor do gato. O cheiro fez com que os seus pêlos finos de átomo, cinzentos, se eriçassem, e um sentimento de atracção/repulsão tomasse conta de si. Dançou o que a genética lhe ensinara e passado pouco tempo estava agarrada pelas patas do gato abandonando-se àquele Amor de gato, pulsante e peludo.

Acordou e o gato tinha ido embora como surgira, pela janela da desilusão. Procurou-o nos espelhos e miou a infelicidade para quem quis ouvir, para ela. Passou dias sem comer até que sentiu algo a viver dentro de si. Deu-lhe um alento especial. Não sabia o que se estava a passar - os gatos não sabem, só sentem – mas sabia que tinha que viver.

Passaram-se uns meses e inchava como se fosse explodir, até que numa noite de dores de corpo e de alma (de gato), saíram do seu interior três imagens de espelho, pequeninas e com os olhos vedados aos reflexos.

Imediatamente intuiu o que acontecera. Ela gerara aquilo. Olhara-se ao espelho, desejara-se e aí estava a recompensa.

Mais três imagens do espelho iam deambular pelo seu mundo de gato e fazer o mesmo que lhe haviam feito, tirar-lhe a vontade de viver e devolvê-la passados uns tempos num ódio feito alegria.

Dentro do espelho morreu, fora ficou à espera do próximo.


Thursday, July 21, 2005

Yang


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Ela ri-se e diz que ele tem piada. Começo a sentir um bocadinho de espuma raivosa a sair pelo canto da boca. Cinco minutos de sedução barata (tentativa de), e já estou enjoado. Sinto o pâncreas aos berros e acho que está na hora de reforço etílico.
O Cromo levanta-se e dirige-se à casa de banho, Ela repara que estou a olhar e sorri antes que eu tenha tempo de desviar o olhar embasbacado.

Mas que raio, porque diabos fizeram as mulheres com esta intuição apurada?! Para isso existem as leoas. Já não digo coisa com coisa.
Estou fodido, que vou fazer agora? Sentar-me na mesa dela? Não posso senão amanhã estou a fazer uma plástica completa, afinal o Cromo pelo tamanho que tem é um Poster.

Ok my friend, switch to shy mode.
Fico estático à espera de convite.

Eis o Poster de regresso. Bem podias ter caído à sanita, penso.
Tenho que me fazer homem. Já sei, se calhar até resulta, aliás ele tem todo o ar de quem é capaz de alinhar pela minha bitola.
Quando o empregado passa, cochicho-lhe a frase mestra do Plano, o rastilho que pode arder para os dois lados.

Pouco tempo depois o empregado põe na mesa um whisky e diz qualquer coisa ao Poster. Ele olha para mim, cora e sorrio. Ela muito espantada faz um sorriso amarelado de alívio e eu, por dentro, carregado de adrenalina, penso no que me fui meter.
O Poster diz qualquer coisa em surdina à rapariga, deixa cinco euro na mesa e vai-se embora sem me olhar.
Resultou mas não come estava à espera.

Ela levanta-se e senta-se na minha mesa.
- Sempre pensei que estivesses a olhar para mim e não para ele.
- Como é que é?
- Foi um grande acto de coragem expores-te assim, afinal não é todos os dias que se tem coragem para oferecer um copo a outro homem. Ainda não te conheço, mas já te admiro por ires à luta independentemente da opinião das outras pessoas.
Olho para um lado, olho para o outro, confuso, desorientado, e dou de caras com o empregado que sorri encostado ao balcão.

Vem ter connosco e explica:
- Desculpem o atrevimento, mas não pude deixar de reparar que vocês os dois já estavam a admirar-se mutuamente antes daquele senhor chegar. Como são os dois clientes da casa, e já deu perceber como pensam e do que gostam , achei que estavam bem juntos, e que aquele senhor viria estragar tudo.
Ora quando este senhor me disse para oferecer uma bebida ao outro senhor, talvez com o intuito de o alcoolizar e em consequência promover o seu afastamento precoce da menina, resolvi improvisar e disse-lhe que o senhor achava que ele tinha uns olhos muito bonitos e que gostava de o conhecer.
Homofóbico como é, eu tinha a certeza que ele se afastaria, e o resto estava por vossa conta, afinal estavam num ponto de não retorno.
Tinha ou não tinha razão?!

Ela começou a rir-se à gargalhada, e eu balbuciei um obrigado. O empregado afastou-se e eu e Ela, não importa o nome, ficamos.


Sem título


Acabei de tomar o meu café e rapidamente fui-lhe no encalço. Aquele ar desordenado, que parecia o meu quarto antes da arrumação de fim de mês dava-lhe um charme que me atraia. Segui-a com cuidado para não dar conta, e passados uns minutos que pareceram horas, de tensão, lá consegui, com o que me parecia o consentimento dela, entrar na casa dela.

Meti conversa “que horas são”, bastante estúpido porque quando perguntei estavam a bater as onze no sino da Bolsa, mas ela não achou estranho, e passado um pouco por entre os “cá estamos” e “será que amanhã chove”, ela cedeu-me a passagem.

Porque é que eu não aprendo, é sempre a mesma coisa. Meto-me sempre nestas embrulhadas e depois tenho que andar a executar estes trabalhos sujos. Ora bem, vamos com calma. Recorro à minha memória fotográfica e através da imagem que tinha, tento reconstituir tudo como estava. Limpo, desvio, recoloco, tudo nos seus devidos lugares, pelo menos tento. Apago os vestígios da minha passagem, estou atento aos cheiros e à possível sujidade que possa ter deixado para trás, com esperança que não se perceba que eu passei por aqui.

Depois de uma garrafa de vinho, fiquei descontraído e como não podia deixar de ser, beijei-a e com a sofreguidão de quem não o fazia à muito tempo, suguei tudo o que a habitava, medos, prazeres, segredos, lágrimas, calor, enfim tudo, ou pelo menos assim o pensava. Quando acordei reparei que o tinha feito outra vez, decididamente não tinha emenda.

Quando for julgado por estes crimes acho que vou estar em reclusão por muito tempo. Com cuidado e para não fazer estardalhaço desnecessário, olhei para ela ali estática e com as devidas precauções abri a porta espreitei e saí o mais disfarçadamente possível.
Quero ser invisível, que ninguém me veja, que não me consigam identificar, aliás é este o meu modus operandi. Acho que consegui mais uma vez.

Sobressalto-me com o toque do telemóvel. Não pode ser, eu matei-a! Do outro lado com uma voz que mistura raiva com amor diz-me:
- Não te esqueças de passar aqui amanhã para levar o resto das tuas coisas.

Sunday, July 17, 2005

Jacarandá #2

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A minha personalidade tornara-se aço, dura, fria e forte. Rebeca estava agora com trinta e cinco anos feitos e adoptara uma postura de dominatrix indiana – sempre a controlar com requintes de filosofia oriental. Continuávamos a morar juntos, e nessa altura era comum amigos nossos passarem lá por casa como era o caso do Inominável.

Era um bom amigo, na altura, e íamos juntos para toda a parte. Passava a vida a telefonar para saber o onde me podia encontrar, consegui arranjar forma de trabalhar comigo, passávamos férias juntos, mesmo quando Rebeca não podia vir comigo. Éramos inseparáveis.

Nesse dia cheguei a casa mais cedo que costume. O meu trabalho era por empreitada, e nesse dia como tinha cumprido os objectivos todos mais cedo, resolvi ir mudar de roupa para ir dar um mergulho à praia. O carro do inominável estava estacionado à minha porta. Não achei estranho. Abri a porta e no corredor deparei-me com dois corpos nus. Eram eles. Fiquei de boca aberta e não consegui dizer nada.

- É exactamente isso que estás a pensar – disse-me Rebeca com um ar transtornado.

Passei por cima deles peguei numa cerveja e ao passar para a sala cuspi-lhes:

- Quando acabarem passem pela sala.

O Inominável chegou primeiro e com um sorriso pintado em cores de pastel perguntou-me se não lhe ia bater.

- O pior castigo que podes ter é eu não te tocar num fio de cabelo e tu teres de viver com isso para o resto da tua vida.

Sentia-me estranhamento calmo, sem nenhum sentimento de revolta. A traição não me estava a incomodar nem um pouco. Estava mais chateado com outros busílis. O puzzle começava a compor-se e algumas coisas começavam a fazer sentido.

Alguns objectos dele apareciam frequentemente semeados em casa. A sua insistência em acompanhar-me sempre não era mais que uma forma de controlo. A tentativa frustrada de se sobrepor às minhas palavras, opiniões, acções, não era mais que inveja transformada em competição.

Quem conhece Toblerone nunca mais quer chocolate Avianense. Rebeca estava a perder o bom gosto que a caracterizava. Passou de bestial a besta e de cavalo para burro com uma simples atitude, mas que se fodesse, não me ia chatear muito com essa questão.

Entrou e pediu desculpa pelo que acontecera, encarecidamente que eu lhe perdoasse o deslize.

- Vou fazer as minhas malas e vou-me embora. Tu ficas com quem quiseres, afinal já és crescida para decidir o que queres da tua vida. Sempre fui um puto à tua beira, mas neste momento posso e devo dar um sinal de maturidade, aquilo que pensei que tinhas pelos dois mas afinal enganei-me. Vou-me e nada do que possas fazer ou dizer me vai impedir.

Quando sai, ele estava à minha espera. Com o mesmo sorriso de sempre pediu desculpa.

- As desculpas não se pedem, evitam-se.

Nesse momento lembrei-me do que dizia um grande amigo meu «se reparares eu não tenho amigos burros» decidi que assim seria para o futuro, não daria azo a aproximações de mais burros na minha vida. São os piores, os gajos inteligentes sabemos do que são capazes, os burros, como estamos longe de entender a sua forma básica de pensamento, surpreendem-nos com merdas destas.

Conduzi até casa de uma amiga minha. Contei-lhe a ela e ao Jack Daniel’s o que se passara. Consolava-me com o seu eterno jeito, mas a minha frieza não queria que eu fosse consolado, afinal não havia necessidade para isso. Se calhar as coisas tinham que acontecer assim, estaria eu destinado a deambular pelo mundo sem mulher certa?! Se assim fosse não seria de todo desagradável.

Quando estamos apaixonados pouco ou nada importa, ficamos cegos e não damos importância a uma série de pequenos ratitos correndo pela relação que vão que no fundo até são bem grandes.


Wednesday, June 22, 2005

Geração de 70


Oliveira Martins

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“Espera aí, achas mesmo que Gabito era assim calculista ao ponto de transmitir as coisas dessa forma?! Acho que não há escrita mais pura e ingénuas que a dele!” Mercúrio mostrava os dentes em intenção claramente belicosa.

“Meu amigo, ingénuo és tu ao pensares dessa forma! Um escritor que reescreve vezes sem conta, é tudo menos puro e ingénuo. Gabito é um escritor de filtragem. Vai filtrando, depurando até ao produto final, o que não lhe retira o mérito, antes pelo contrário, aliás é excepcional na forma como o faz.” Aos poucos, Narciso, ia subindo o tom de voz, para abafar a aguilhoada de mercúrio. Estava com vontade de o dizimar até à última sinapse.

“Calma aí que as coisas não são bem assim” Tântalo mete a colherada “como sabem ou se calhar ficam a saber, Gabo não é um filtro, antes um perfeccionista. As coisas saem como ele quer ou então não servem para nada. Perfeccionista, porque não gostando do resultado final, destrói-o, para não conviver com um fracasso e depois reescreve até lhe agradar o aspecto formal.

Não é daqueles escritores que escreve e vai corrigindo, sai-lhe tudo em catadupa e é assim que depois apresenta aos leitores.
Acredito que tenha o embrião da ideia já implantado na sua cabeça, mas não é calculista ao ponto de as ir moldando e filtrando como dizias à pouco.

Só necessita da forma certa de transpor o que tem nos neurónios para o papel. Narciso, tu melhor que ninguém, devias saber isso, afinal a tua escrita é automática, sem correcções, e acabas por ter 60% de coisas boas, 20% de óptimas e 20% de sofríveis.”

Tuesday, June 21, 2005

Geração de 70


Guerra Junqueiro


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Mesa ao lado, dois traçadinhos antes.
Uma cabeça morena ouvia as palavras de Narciso com atenção.

“O romance não é mais do que uma tentativa de auto-afirmação, aliás, qualquer tipo de literatura é em grande parte um exercício de narcisismo.
Escrevemos com o intuito primordial de transmitir algo que nos vai na alma, mas este altruísmo escrito, não é mais que uma capa para a verdadeira razão que nos move a pena.
“Já Garcia Marquez dizia isso numa passagem de «Em busca das chaves de Melquíades», a desconstrução de «Cem Anos de Solidão», o livro escrito pelo irmão. O Elígio…”

“Já morreu, sabiam?” Mercúrio interrompeu Tântalo.

“Não, por acaso não sabia” e continuou “Bem, mas Gabito dizia que desde miúdo, o ilusionismo e a escrita eram as duas formas que arranjara para os amigos gostarem mais dele.”

“Lá está!” proclamou Narciso “É uma forma de narcisismo! Gabito é antes de mais uma pessoa insegura, ou era, e como tal, para poder escrever tem que alimentar a autoconfiança, e de que melhor forma o pode fazer, senão alimentar o seu ego através de influências exteriores?!
Rasga e volta a rasgar os seus rascunhos, com os amigos em desespero, sempre a dizer-lhe que a sua escrita é óptima, fora de série, por entre álcool e mulheres com fartura. No seu íntimo acredita que sim, que é excepcional, mas transmite sempre aquela falsa modéstia. Para ilustrar a consciência que tem deste facto, que melhor que uma famosa frase em relação aos «Cem Anos de Solidão» que dita que o mais difícil foi escrever a primeira frase, e que depois ficou aterrorizado em relação ao que iria escrever a seguir.
Para mim, foi só fachada para que os amigos lhe dissessem que era magistral, não era costume nem nada.”

Friday, June 17, 2005

Geração de 70

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“Interrompo?”
Morena, metro e setenta, sorria e deixava transparacer confiança. O Grupo reconhecia-a de estar com frequência a matar traçados e cervejas nas mesas d’ A Galeria. Nunca nenhum fizera o esforço para se relacionar mas sem dúvida que este seria o momento certo para tal.

Sentou-se e declarou “Não pude deixar de ouvir a vossa conversa e gostava só de dizer umas coisinhas. Tu – virou-se para Narciso – deves pensar que és o senhor da verdade. A presunção, a arrogância transparecem na tua voz. Consegues construir o teu discurso de uma forma magistral, só é pena que não consigas ser mais humilde, porque a certa altura tornas-te pedante e com uma certa tendência para humilhar quem te rodeia. A partir daí tudo o que sabes, o conteúdo, perde-se porque é cilindrado pelo sentimento negativo que imprimes com a atitude.”

Mercúrio riu à gargalhada ao olhar para a cara de Narciso que se tornara branca mas calou-se mal a morena abriu a boca pela segunda vez.
“Não te rias que ainda te engasgas. Acho que tens algum problema com o conhecimento. És muito vago no que dizes, que conheces isto e quilo e sabes até alguma coisa, mas quer-me parecer que não sabes grande coisa, o que tens é um saber residual. Ia jurar que lês os apontamentos Europa América em relação à literatura, sinopses dos filmes n’ O Público, engoles as descrições de obras de arte em livros que tem como título “Como reconhecer…”.
És vago, e quando já se esgotaram os apontamentos de uma matéria, levas a conversa para outro tema residual como tu.”

Embrulha, pensou Narciso sem esboçar um sorriso.
Tântalo esperou pela bujarda que não tardou.


Antero de Quental

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